Design Thinking: O que é?

Design Thinking: A Revolução na Gestão de Empresas

Na miríade de estratégias existentes no mundo das empresas, há uma que se destaca pelo seu poder de transformação e inovação: o “Design Thinking”. Convido-vos a desbravar este conceito e a descobrir como esta abordagem pode ser um farol a orientar a direção das nossas empresas rumo ao progresso.

Neste artigo:

O que é Design Thinking?

O “Design Thinking” é mais do que uma expressão em inglês que cruza a nossa mente de tempos a tempos, é um modo de pensamento, uma abordagem que coloca as pessoas no centro de tudo. É uma metodologia de resolução de problemas que se concentra, antes de mais nada, em criar soluções adaptadas às necessidades humanas. No seu núcleo, o “Design Thinking” visa a compreensão profunda do que o utilizador precisa e quer, e depois a conceção de soluções que respondam a essas necessidades de forma eficaz e eficiente.

Não é apenas um conjunto de regras, mas sim um estado de espírito, um compromisso de olhar para o mundo e perguntar “como podemos torná-lo melhor?” É, sem dúvida, uma forma inovadora e eficaz de melhorar o desempenho, aumentar a satisfação do cliente e impulsionar a competitividade das empresas no cenário global.

Definição Design Thinking

Design Thinking é uma abordagem centrada no ser humano para inovação e resolução de problemas, que emprega empatia, experimentação e iteração para criar soluções eficazes e adaptáveis.

A origem da expressão “Design Thinking”

“Design Thinking” é uma expressão que começou a ser utilizada na década de 1960, embora os conceitos fundamentais que descreve possam ter origem anterior. O termo foi cunhado por Herbert A. Simon, um cientista político, sociólogo e economista, no seu livro “The Sciences of the Artificial” de 1969. No entanto, o conceito ganhou popularidade no campo do design na década de 1980 e 1990 graças ao trabalho de indivíduos como Peter Rowe, Richard Buchanan, e o pessoal da empresa de design IDEO, particularmente David Kelley e Tim Brown.

Os conceitos que o “Design Thinking” abrange são uma combinação de abordagens e metodologias provenientes de diferentes disciplinas, incluindo a engenharia, ciências sociais, e artes. A ideia central é que, ao aplicar o tipo de pensamento que os designers utilizam na resolução de problemas, é possível criar soluções inovadoras que são centradas no ser humano e capazes de enfrentar desafios complexos.

Ao longo do tempo, o “Design Thinking” evoluiu e foi formalizado numa abordagem estruturada que inclui várias fases, como:

  1. Compreender Profundamente (empathize / mergulhar);
  2. Definir;
  3. Idealizar;
  4. Prototipar;
  5. Testar.

Embora estas fases possam ser apresentadas de maneira linear, na prática, o “Design Thinking” é muitas vezes um processo iterativo e não linear, onde as ideias são continuamente testadas, refinadas, e aprimoradas com base no feedback dos utilizadores.

As 5 etapas do Design Thinking

O Instituto de Design  Hasso Plattner, de Stanford, descreve esta abordagem como um processo de cinco etapas. Nota: Estas etapas nem sempre são sequenciais, e as equipas muitas vezes executam-nas em paralelo, fora de ordem e repetem-nas de forma iterativa.

1. Compreender Profundamente

A primeira etapa do Design Thinking envolve a compreensão das necessidades, desejos e problemas do utilizador. Trata-se de um mergulho profundo na experiência do utilizador para compreender a sua perspetiva, necessidades, desejos e os problemas que enfrenta. Esta não é uma tarefa superficial, requer uma verdadeira imersão na realidade e no contexto do utilizador.

Na prática, esta etapa pode envolver uma variedade de métodos de pesquisa e técnicas de recolha de dados, tais como entrevistas, observação direta, criação de personas, jornadas do cliente, entre outros. O objetivo é, acima de tudo, captar a experiência do utilizador em todos os seus detalhes e nuances, para compreender realmente o que ele sente, como ele pensa e como se comporta.

Importante ressaltar que o foco aqui não é somente compreender o que o utilizador diz que necessita, mas sim investigar o que ele realmente necessita, por vezes, não explicitamente verbalizado. Portanto, é necessária uma análise criteriosa e sensível para interpretar estes dados.

Ao “Compreender Profundamente“, somos capazes de entender os problemas sob uma nova luz e, consequentemente, somos capazes de criar soluções mais efetivas, eficientes e centradas no ser humano. Por fim, ao colocar o ser humano no centro do processo de design, somos capazes de criar produtos, serviços e experiências que vão além das expectativas, satisfazendo necessidades profundas e criando valor autêntico.

2. Definir

“Definir” é a segunda etapa no processo de Design Thinking, e é tão crucial quanto a primeira. Depois de “Compreender Profundamente” o utilizador, é tempo de condensar essas descobertas e identificar claramente os desafios que necessitam ser resolvidos. Esta etapa envolve sintetizar a vasta quantidade de informação recolhida durante a fase de empatia para articular o problema de forma clara e acessível.

Definir o problema é um exercício de análise e síntese, onde é necessário organizar, interpretar e fazer sentido das informações recolhidas. O objetivo é transformar observações em insights, e insights em declarações de problemas claramente definidos.

No entanto, a definição do problema não deve ser apenas sobre o que é evidente, mas também deve explorar o que está implícito. O verdadeiro poder da etapa de definição é que ela pode revelar desafios e oportunidades que não estavam claros à primeira vista.

Uma declaração de problema bem formulada dará à equipa um alvo claro, mantendo o foco no utilizador. Isto serve como uma espécie de bússola, guiando a equipa durante as fases de idealização, prototipação e teste.

Em suma, “Definir” é a ponte que liga a compreensão profunda dos utilizadores à criação de soluções que respondem de maneira efetiva e eficiente às suas necessidades. Ao clarificar e delimitar o problema, conseguimos criar um caminho sólido para a inovação.

3. Idealizar

“Idealizar” é a terceira etapa no processo de Design Thinking, um momento de liberdade criativa onde a equipa é encorajada a pensar fora da caixa e gerar um amplo espectro de ideias para resolver o problema definido na etapa anterior. Este é um momento de brainstorming, onde todas as ideias são bem-vindas, independentemente de quão audaciosas ou inovadoras possam parecer.

Durante a etapa de idealização, a quantidade é valorizada sobre a qualidade. O objetivo é produzir o máximo de ideias possível, para depois analisar e selecionar as mais promissoras. Neste momento, a equipa deve sentir-se livre para desafiar suposições, explorar novos ângulos e experimentar conceitos que poderiam parecer inviáveis à primeira vista.

Este é um espaço para a imaginação correr solta, onde a equipa pode brincar com o impossível e o inexplorado. O pensamento divergente é incentivado, e a ideia é que, ao explorar um vasto território de possibilidades, o grupo será capaz de encontrar soluções inovadoras e originais.

É importante recordar que, apesar de ser uma fase de criatividade e expansão, a idealização deve estar sempre conectada às necessidades do utilizador descobertas na fase de “Compreender Profundamente” e ao problema definido na etapa de “Definir”.

4. Prototipar

“Prototipar” é a quarta etapa do processo de Design Thinking e é onde as ideias começam a tomar forma. Após a fase de “Idealizar”, a equipa seleciona as soluções mais promissoras e irá transformá-las em protótipos tangíveis. O objetivo desta etapa é tornar as ideias concretas, permitindo que o grupo visualize e interaja com uma representação física ou digital das soluções propostas.

O protótipo é uma versão simplificada da solução final, mas suficientemente representativa para testar sua funcionalidade e apelo. Pode ser qualquer coisa desde um esboço, um modelo em 3D, um storyboard, até uma simulação digital. O importante é que seja capaz de demonstrar como a solução proposta funciona e de que forma atende às necessidades do utilizador.

Prototipar é essencial porque permite à equipa identificar falhas, lacunas ou áreas de melhoria antes da implementação em larga escala. É, sobretudo, uma oportunidade para falhar rapidamente e a baixo custo, aprendendo com esses erros e refinando a solução.

Além disso, o protótipo serve como uma ferramenta de comunicação, facilitando o entendimento e a discussão das ideias entre os membros da equipa e outros stakeholders, incluindo os próprios utilizadores.

5. Testar

“Testar” é a quinta e última etapa do processo de Design Thinking, mas não marca necessariamente o fim do processo. Após a etapa de “Prototipar”, os protótipos são apresentados aos utilizadores para que se possa recolher feedback, avaliar a eficácia da solução proposta e identificar áreas de melhoria.

O teste é um momento crucial de aprendizagem e refinamento. Aqui, a equipa observa como os utilizadores interagem com o protótipo, quais são as suas reações, quais dificuldades encontram, e se a solução cumpre as suas necessidades e expectativas. Assim, a informação recolhida durante esta etapa permite à equipa aperfeiçoar o design, corrigindo falhas, melhorando funcionalidades e aprimorando a experiência do utilizador.

Mas “Testar” não se trata apenas de validar ou refutar as soluções propostas. É uma oportunidade para aprender mais sobre o utilizador, para descobrir novos insights, e para continuar a explorar e a experimentar. Neste sentido, “Testar” pode levar de volta às etapas de “Compreender Profundamente”, “Definir”, “Idealizar” e “Prototipar”, num ciclo iterativo de melhoria contínua.

Portanto, “Testar” é mais do que uma fase final de validação. É um convite à aprendizagem, à iteração e à evolução. É um compromisso com a melhoria contínua e com a criação de soluções que são verdadeiramente eficazes e centradas no utilizador.

Conclusão

O “Design Thinking” não é apenas um conceito abstrato, mas sim um conjunto de práticas que, quando implementadas corretamente, podem levar a um aumento significativo na inovação, na eficiência e na satisfação do cliente. Com a sua abordagem centrada no ser humano e com o seu processo iterativo de descoberta, definição, idealização, prototipação e teste, o Design Thinking é uma poderosa ferramenta para resolver problemas complexos e desafios empresariais.

Em suma, permite-nos ver para além das soluções óbvias, inovar de forma sustentável e criar valor autêntico para os utilizadores. Ao aplicarmos o Design Thinking na gestão de empresas, estamos a comprometer-nos com uma cultura de inovação que coloca o ser humano no centro, que valoriza a criatividade e a experimentação, e que procura constantemente novas maneiras de melhorar e evoluir.

Aprender Mais

Se ficou fascinado com o conceito de Design Thinking e deseja aprofundar os seus conhecimentos, aqui deixo algumas sugestões de leitura que irão ajudá-lo a compreender melhor este mundo de inovação centrada no ser humano:

Estes livros irão ajudá-lo, sem dúvida, a compreender melhor este tema e a aplicá-lo na prática. Recorde que o Design Thinking não é apenas uma metodologia, é uma mentalidade e uma abordagem para a vida que valoriza a empatia, a colaboração, a experimentação e a aprendizagem contínua. Boa leitura!