Meritocracia - sistema justo ou injusto?

A Meritocracia como Modelo de Gestão

A meritocracia é um conceito que tem ganho destaque nos últimos anos como modelo justo e eficaz na gestão de recursos humanos. Na sua essência, a meritocracia preconiza que as recompensas e promoções devem ter como base o mérito individual, ou seja, a competência, desempenho e contribuição de cada colaborador para o sucesso da organização. Neste artigo, vamos explorar o conceito de meritocracia e como aplicá-la nas empresas mais pequenas.

Neste artigo:

O que é Meritocracia?

A meritocracia é uma filosofia de gestão que valoriza o desempenho individual e recompensa aqueles que se destacam. Num ambiente meritocrático, os trabalhadores são avaliados com base em critérios objetivos, tais como objetivos atingidos ou a qualidade do seu trabalho. Aqueles que atingem um desempenho superior são recompensados com promoções, aumentos salariais e outras formas de reconhecimento. Em contrapartida, aqueles que não atingem as expetativas são incentivados a melhorar ou podem mesmo ser afastados da empresa.

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Como aplicar a meritocracia em pequenas empresas?

Para aplicar a meritocracia em empresas mais pequenas é preciso estabelecer critérios claros de desempenho e comunicá-los de forma transparente a todos os trabalhadores. É importante que os critérios sejam objetivos e mensuráveis, para que não haja dúvidas sobre quem se está a destacar e quem estagnou. Além disso, é preciso ter um sistema de avaliação justo e imparcial, de forma a que todos os funcionários tenham a mesma oportunidade de serem reconhecidos.

Outro ponto importante é estabelecer uma cultura de feedback contínuo, onde os trabalhadores recebam feedbacks regulares sobre seu desempenho e tenham a oportunidade de discutir os seus pontos fortes e áreas onde podem melhorar. Dessa forma será possível identificar talentos e potenciais líderes dentro da empresa, bem como motivar os trabalhadores a melhorarem o seu desempenho.

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Desvantagens de um sistema meritocrático

Embora a meritocracia possa parecer um sistema justo e eficaz para gerir pessoas e negócios, há algumas desvantagens importantes que precisam de ser consideradas.

Perpetuar desigualdades

Uma das principais desvantagens da meritocracia é que ela pode perpetuar desigualdades sociais e económicas. Na realidade, o mérito nem sempre é uma medida justa de valor. Em muitos casos, as pessoas têm mais oportunidades e recursos para desenvolver os seus talentos e competências, enquanto outras são impedidas de fazê-lo devido à sua origem social, económica ou étnica. Se a meritocracia for implementada sem levar em conta essas desigualdades estruturais, pode acabar por favorecer aqueles que já têm vantagens à partida.

Individualismo extremo

Outra desvantagem da meritocracia é que ela pode levar à competitividade e individualismo extremos. Quando as pessoas são avaliadas com base no seu desempenho individual, podem se sentir pressionadas a competir umas contra as outras em vez de colaborar e trabalhar em equipa. Eventualmente, a situação poderá evoluir provocando um ambiente de trabalho tóxico e desmotivador.

Demasiado foco nos resultados

Além disso, a meritocracia pode levar a uma cultura de trabalho excessivamente focada nos resultados, em detrimento do processo e do desenvolvimento pessoal. Quando as pessoas são avaliadas apenas com base nos seus resultados, podem ser tentadas a concentrarem-se apenas nas tarefas que trarão resultados imediatos.

Falta de diversidade e inclusão

Finalmente, a meritocracia pode levar a uma falta de diversidade e inclusão no ambiente de trabalho. Quando as pessoas são avaliadas com base no seu desempenho individual, aquelas que não se enquadram nos padrões dominantes de “excelência” podem ser excluídas ou subvalorizadas. Eventualmente, acabaremos com uma cultura de homogeneidade, onde as ideias e perspetivas diferentes são ignoradas ou menosprezadas.

Em síntese, embora a meritocracia possa ser um sistema eficaz para gerir pessoas e negócios, é importante reconhecer as suas desvantagens e limitações. É necessário levar em conta as desigualdades estruturais, promover a colaboração e o trabalho em equipa, valorizar o processo e o desenvolvimento pessoal, e garantir a diversidade e inclusão no ambiente de trabalho. Somente assim a meritocracia pode ser um modelo justo e eficaz de gestão de pessoas e empresas.

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Quem trouxe a ideia de Meritocracia para as empresas?

O conceito de meritocracia nas empresas não pode ser atribuído a uma única pessoa ou momento. No entanto, o conceito moderno de meritocracia nas empresas é frequentemente associado ao economista e sociólogo americano Michael Young, que cunhou essa expressão no seu livro “The Rise of Meritocracy” (1958).

Young descreveu uma sociedade futurista na qual as posições sociais eram determinadas exclusivamente pelo mérito, ou seja, pelo desempenho individual em testes e exames. Embora o livro seja uma crítica à ideia de meritocracia como uma solução justa para as desigualdades sociais, o termo popularizou-se e foi adotado por empresas e organizações em todo o mundo.

Desde então, a ideia de meritocracia nas empresas tem sido objeto de debate e críticas, mas ainda é amplamente utilizada como um modelo de gestão de recursos humanos.

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Referências

O conteúdo deste artigo é baseado na bibliografia que referimos em baixo. São também estes livros os recomendamos caso pretenda explorar este tema mais a fundo.

1. “A meritocracia contra a igualdade” de Michael Sandel

Este livro explora a ideia de que a meritocracia pode não ser a solução ideal para a desigualdade social. Sandel argumenta que o mérito nem sempre é uma medida justa de valor e que a meritocracia pode perpetuar desigualdades sociais e económicas.

2. “Meritocracia: mito e realidade” de João Paulo Borges Coelho

Neste livro, vamos perceber como o conceito de meritocracia é aplicado em diferentes contextos.

3. “O que é meritocracia” de Denis Collin

Este livro apresenta uma visão geral da meritocracia, a sua história e a sua aplicação em diferentes campos, como a educação e a política. Em síntese, o autor explora as críticas à meritocracia e discute se ela pode ser uma solução viável para a desigualdade social.

4. “The Meritocracy Myth” de Stephen J. McNamee e Robert K. Miller Jr.

Por fim, este livro apresenta uma análise crítica da meritocracia e argumenta que ela é um mito que encobre as desigualdades de classe e raça na sociedade. Os autores discutem como as desigualdades estruturais podem impedir que as pessoas alcancem o sucesso com base no seu mérito individual.

5. Artigo do Wall Street Journal: “Meritocracy Is Worth Defending”, por Jason L. Riley

O autor do artigo defende que a meritocracia vale a pena ser defendida e que, se os Estados Unidos abandonar esta filosofia, os outros países facilmente passarão para a frente do pelotão das maiores economias. Ler artigo…

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